Aos educadores

A primeira pergunta que gostamos de fazer às crianças é se elas gostaram do que leram/ou ouviram. E porque. Já de início virão pistas que podem ser as primeiras trilhas a serem seguidas.
FOTOGRAFIA
Suponhamos que as crianças digam que gostaram das fotos. Foto-grafia é a escrita pela luz. Hoje tão difundida, é arte relativamente recente. Dependendo da idade da turma, podem fazer pesquisas sobre a história da fotografia, bem como aprender a fazer uma máquina fotográfica artesanal, uma câmera Pinhole (a designação tem por base o inglês, pin-hole, "buraco de alfinete"). Pesquisando na internet, encontrarão inúmeros sites que ensinam a fazer este tipo de máquina.
Ainda sobre a foto, podemos conversar com as crianças sobre a profissão do fotógrafo. Virgínia é uma fotógrafa profissional, o que significa dizer que ela vive das suas fotos. Será que eles conhecem alguém que vive disso também? Que tal entrevistar fotógrafos e saber como é o dia a dia desta profissão?
Mas não precisamos ser fotógrafos para tirar fotos... hoje muitos celulares têm câmeras, há máquinas digitais, máquinas a prova d’água, máquinas descartáveis etc. Pode-se organizar uma exposição com fotos feitas pelas crianças da turma e até mesmo montar um museu na sala com equipamentos diferentes de diversos tempos e lugares. Pensar como fazer isso de forma a “dignificar” esses objetos é que é o desafio! Que tal um passeio com a turma a algum museu para fazer uma “pesquisa de campo” de como montar um museu e/ou uma exposição? Vale lembrar que a personagem Cris foi a um museu com uma amiga e a mãe desta...  
O que mais chamou atenção das crianças nas fotos? De qual elas mais gostaram? Quem tem fotos em casa que possa trazer para mostrar? A estratégia recomendada é deflagrar o diálogo, despertar a curiosidade e dar asas à imaginação, e não dar uma “aula expositiva” sobre fotografias.
CARTAS
E se as crianças mencionam a escrita das cartas? As próprias personagens da trama estranharam terem de escrever cartas. Como duas meninas urbanas, que moram numa capital ao sul do Brasil, elas têm acesso a outros tipos de comunicação mais rápida e imediata que as cartas. E isso pode ser um bom mote de conversa com o grupo de crianças que tenha lido/ouvido a história: quem escreve ou recebe cartas? De quem? Para quem? Quando? Por que? Que outras formas as crianças usam para se comunicar por escrito?
 Esse papo pode desembocar num ótimo momento de troca de informações sobre as formas de comunicação de ontem e de hoje, destacando-se a internet e seu uso, inclusive sobre os cuidados requeridos. Pode, também, trazer um desejo de fazer um correio na turma, uma proposta de troca de cartões feitos por eles, ou mesmo cartas ou desenhos. Nada impede que isso leve à organização de um passeio até o correio, que se aprenda a preencher envelope corretamente etc.
O tema “cartas” pode, ainda, abrir espaço para aprender dobraduras diversas que possibilitem fazer envelopes bem criativos e diferentes! Mas que tal pedir que escrevam para as duas personagens da trama? Se for por email, mandem para cartas.marias@gmail.com  Prometemos respostas!
Assim como as duas meninas da história trocaram cartas estando em países tão distantes, pode haver a chance de a turma trocar correspondências (com envio de fotos, desenhos, dobraduras, colagens ou até pequenos objetos) com turmas escolares de outros cantos do país ou mesmo de outros países. Quem sabe não se corresponderão com crianças da Guiné-Bissau?
SER CRIANÇA NA GUINÉ-BISSAU
Pode ter chamado a atenção de alguma criança o modo de ser criança na Guiné-Bissau; ou mesmo as diferenças de gênero menino/menina (ou homem/mulher) por lá. Fica clara a idéia de o livro mostrar as diferenças entre a infância numa aldeia da Guiné-Bissau e a vida das duas meninas que trocam suas cartas. O fato de as crianças mostradas na África serem de uma aldeia as aproxima de crianças que moram na região rural brasileira. De outro lado, Ana Maria e Maria Cristina são personagens urbanas. Vale mostrar às crianças que há cidades na Guiné-Bissau e que as crianças das cidades guinenses têm mais coisas em comum com as duas personagens do livro.
E se fossem dois meninos protagonistas? Sobre o que teriam conversado? Sem dúvida há inúmeras questões de gênero no livro. O fato de as duas personagens serem meninas dá o tom mais feminino para a conversa delas. A Ana Maria fica fascinada pelas roupas, adereços e cabelos. Seus irmãos-meninos encantam-se pelos instrumentos musicais. Olhando as fotos, o que mais chama a atenção das meninas do grupo? E dos meninos? Há diferença nos interesses e nos modos de brincar das meninas e dos meninos da sua turma? Há pontos que merecem ser mais explorados, dependendo da faixa etária do seu grupo. Por exemplo: por que será que antigamente as meninas não podiam ir à escola? Será que hoje já há igualdade de oportunidades à meninas/mulheres e meninos/homens?