16/05/2011

Futuras Professoras e Futuros Professores debateram o potencial do CARTAS ENTRE MARIAS como trabalho de investigação em arte, e também seus usos em sala de aula




No dia 11 de abril, a convite da Profa. Silemar Silva, fomos fazer uma fala aos alunos do quinto semestre do Curso de Licenciatura em Artes Visuais (AV) da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), em Criciúma/SC.
A conversa, dirigida a futuros professores e futuras professoras que estão, no momento, elaborando seus projetos de intervenção/ação pedagógica em escolas diversas, e prestes a enfrentar seus Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs),  priorizou formas de pensar a pesquisa sobre a infância, no âmbito das Ciências Sociais, em estreito diálogo com a arte – no caso, a fotografia e a literatura: um dos desafios propostos em “Cartas entre Marias: uma Viagem à Guiné Bissau”.
Mostramos o quanto podiam perceber que a base da investigação de campo dom livro são os modos de ser, agir e pensar de pessoas de uma aldeia no interior da Guiné Bissau, em particular, suas crianças: do que e como brincam? O que comem? Como moram? Como convivem uns com os outros? Como estabelecem seus laços identitários? Como se estruturam suas percepções alteritárias?
Sinalizamos também que a fotografia e o diário de campo foram os instrumentos privilegiados de captação de dados; e a literatura foi a forma escolhida de síntese do material, procurando provocar estranhamento e encantamento, na medida em que devolve ao sujeito-criança-investigado um material significativo que ressalta seu papel como sujeito produtor e consumidor de cultura; sujeito autônomo, e autoral.
Destacamos ainda que, no resultado, expresso através de um livro de literatura infantil/infanto-juvenil, meninas e meninos podem ver-se e perceber-se em suas singularidades e em sua coletividade infantil, tendo respeitadas suas diferenças e sublinhadas suas potências em detrimento de uma configuração de representação deficitária às vezes ainda predominante na área acadêmica e artística.
Por fim, apontamos que neste processo investigativo, dois pontos merecem destaque. O primeiro deles diz respeito à metodologia de análise e organização dos dados, que contou com intensa participação da coletividade, sobretudo, de crianças, procurando suplantar um problema acadêmico comum, referente à discrepância entre forma e conteúdo. O segundo ponto que merece ser iluminado é a busca de diálogo entre arte e ciência. Essa tessitura se coloca como um desafio a mais que visa também favorecer a reconfiguração de paradigmas acadêmicos, de relativização de verdades e, sobretudo, de hierarquização de saberes e poderes – afinal, a arte torna visível, o invisível.
O debate que se seguiu foi bastante rico, uma vez que a tônica girou em torno de: como trabalhar o livro nas escolas se “didatizá-lo” e sem perder sua dimensão estética e poética? A ideia foi favorecer outro olhar sobre as africanidades, alertar para a pluralidade daquilo que comumente chamam de "cultura africana" e abrir a dicussão para alternativas pedagógicas diversas que não recaiam sobre a pedagogização do livro e, consequentemente, seu empobrecimento literário.

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