07/05/2012

“Afinal, qual é o segredo?” – Cartas entre Marias em Petrolândia, PE

Ainda no meu périplo Brasil afora (leia mais sobre isso em Repensando Escolas), nos dias 23 e 24 de abril fui propor uma atividade para as crianças das 3 turmas de 4º ano da EM José Araújo da Silva, em Petrolândia, no sertão pernambucano, às margens do Velho Chico.
Como sempre, cada turma reagiu de uma forma diferente à proposta. Se em uma delas a narrativa foi permanentemente interrompida por um animado e envolvido grupo de meninos, meninas e professora (!), todos ávidos por partilhar suas próprias experiências a partir de associações de ideias com o que eu estava lendo/ contando, em outra turma, o que intrigou mais foi o “segredo”.
Eu havia lido as duas primeiras cartas e é justamente na segunda delas que a personagem Cris menciona à Naná o “segredo”, prometendo comentar sobre ele mais adiante. Pronto! “Afinal, qual é o segredo?” – indagou-me uma menina, fitando-me séria, diretamente nos olhos. “Você deve ler o livro todo com calma para descobrir”, respondi eu, tranquilizando-a de que aquele exemplar ficaria de presente para a escola e ela poderia acessá-lo.
Na medida em que acabavam de fazer as cartas, sentaram-se em volta do livro em busca da resposta – afinal, qual seria o segredo?!
Segredos estão sempre no final. Pula logo para a última página!” – sugeriu um mais afoito. Mas não estava.
Ah! Eu vi que ela fechou o livro bem na página que tinha o segredo para poder esconder da gente...” – arriscou outra.
E, juntos, passavam página por página, lentamente, na tentativa de ela reconhecer a imagem que eu supostamente escondera.
Achamos!!” – gritaram animados! “É a mulher de peito de fora!!!”. Diante de minha negação, continuavam tentando adivinhar. Por mais que eu sugerisse que lessem com calma o texto, o desejo de desvendar o segredo como piratas atrás do mapa do tesouro parecia bem mais forte. É também verdade que as lindas imagens do livro são muito convidativas, colaborando com o método criado por eles para decifrar o enigma.
Já me despedia da turma quando um dos meninos me chama e pergunta: “Por que ele está escrito entre aspas aqui?!”
É... Como canta Bia Bedran: “A vida tem segredos, que segredos têm a vida? Vou lhe contar um segredo – vem cá!”. =))

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